quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tarde demais?

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Nestes últimos anos, o trabalho nas escolas tem crescido, como todos (?) sabemos, de forma exponencial. No entanto não é propriamente da quantidade que nos queixamos, desengane-se quem dá ouvidos às más línguas.

Queixamo-nos sim da natureza, da (falta de) qualidade do mesmo. Ele é papelinho para isto e papelinho para aquilo, emails para cá, emails para lá, formulários electrónicos para concursos, para planos, para projectos, pedidos de pareceres, relatórios para tudo, legislação torrencial, desarticulada e incoerente que é preciso ler, decifrar, aplicar e reaplicar, grelhas, matrizes, páginas do ME, do Gave, da ANQ (do raio que os parta, como se não houvesse melhor literatura!) para vigiar todos os dias...

Ah, já para não falar das fichas e quejandas evidências da celebérrima farsa que é a Avaliação De Doidos, vulgo ADD, a que alguns teimam chamar Avaliação de Desempenho Docente. Que dessas me excluí!

Claro está, assim resta pouco tempo para o que realmente importa: preparar aulas, corrigir trabalhos, imaginar, inovar, colher informação, fazer (auto)formação... e LER, minha gente, simplesmente LER, porque apesar dos PNLs (Planos Nacionais de Leitura) cada vez tenho menos tempo e olhos para tal, infelizmente.

Ora aconteceu que, por entre as pingolas grossas deste dilúvio, as primeiras investidas da equipa que ainda nos tutela passaram bastante despercebidas. Foi o Estatuto, depois o Concurso para Titular , as quotas, e só quando chegou o infausto modelito da ADD, o absurdo dos absurdos, é que o "people" estremeceu e acordou.

Tarde demais?

Os professores protestaram ordeiramente nas ruas, fora das horas de trabalho. Manifestaram a sua indignação em moções, petições, abaixo-assinados. Mostraram o seu repúdio perdendo dias de salário em greves a aulas que, de um modo ou de outro, tiveram que compensar.

Pelo caminho muitos cederam, por inércia, desconhecimento, oportunismo, medo, falta de convicção, de coerência, de dignidade. Alguns até porque sim. 70 000 de 140 000, segundo as contas que por aí circulam.

E agora José? diria o Drummond. Tarde demais?

Agora aí está Lisboa à nossa espera, de novo, no próximo sábado. E a primeira das três eleições deste ano uma semana depois.

A crer no ditado popular: não há mal que nunca acabe.

Está nas nossas mãos pôr-lhe o ponto final.
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2 comentários:

Fátima André disse...

Encontramo-nos no sábado!
Bom trabalho :)

TVstar disse...

Muito bem!!
Eu vou!!
Ainda não esmoreci nem perdi o direito à indignação!!