segunda-feira, 15 de junho de 2009

MALHAS QUE A RAZÃO TECE - II

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Retomando o assunto de ontem .

É um facto que a resistência dos professores à política de educação deste governo, sem siso e sem seriedade, tem sido um caminho longo, pedregoso e quase sempre à beira do abismo. Os passos foram sendo dados frequentemente sem rede, simultaneamente expostos à critica da opinião pública e ao anunciado revanchismo da cadeia hierárquica.
Soubemos resistir e persistir, uns mais que outros, muitos mais do que a tutela apregoa, fazendo orelhas moucas à propaganda que nos apoucava, escorados na razão que sabíamos do nosso lado.

Há quem se pergunte o que realmente nos move: se é uma teimosia idêntica à de quem nos governa; se são interesses político-partidários; se é o alegado corporativismo; se é pelo dinheiro e pela perda de regalias, se... se.... e se...
Não posso falar pelos outros. A mim o que move é o combate à farsa em que está a transformar-se o ensino público, é o desejo de uma escola melhor para o meu filho (que me perdoem a ordem mas é legítimo cada um queixar-se do que mais lhe dói), para o meus alunos, para mim.

O caminho faz-se caminhando e nestes dois últimos e esgotadores anos, algumas vezes nos vimos em becos aparentemente sem saída, aparentemente desunidos, mesmo à beirinha do tal precipício, onde os velhos do Restelo vaticinavam a queda.
Estamos novamente num desses momentos: o da entrega da ficha de auto-avaliação.

Guardo como recordação preciosa da mais extraordinária professora que tive, uma cópia clandestina, manuscrita em papel bíblia, do poema Rosas Vermelhas de Manuel Alegre, que ela me deu a ler aí por volta dos meus 15 anos. Dessa leitura há uma frase que ultimamente não me sai da cabeça: é a altura de saber se as traves mestras dum homem resistirão.
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Assim como também me persegue aquela outra fala de Sousa Falcão, quase no final do «Felizmente há luar!»:
Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro.

5 comentários:

maria eduarda disse...

Pode ser que se revejam por dentro, e que noutro contexto que não do"Felizmente há luar", possa um dia existir a claridade...

maria eduarda disse...

Tenho este texto no meu blog. É lindo!

maria eduarda disse...

O texto das rosas. Acho que não me fiz entender.Sorry!

Luís Silva Rosa disse...

Claro que se resistirá sempre... assim se projecte e assim se queira. Há uns tempos ousdei afirmar isso mesmo:
AOS SENHORES DO MUNDO

Ó falsos arautos do mundo novo
Vendedores de ilusões de peito cheio
Tendes o poder manipulando o povo
Desdenhando que o belo fique feio

Donos do que sabeis a todos os níveis
Mandantes das guerras sem glória
Pelo pior vos tornastes críveis
E assim haveis de ficar na História

Não importa a dor... que não é vossa
Não importa mentir... sois mestres na arte
Vós comeis tudo o que a mente possa
Chacais do mundo, nada há que vos farte

Mas por mais que porfieis
Manter o controlo das "formigas"
Cuidai que vivemos na mesma conjuntura:
Fingindo aceitar todas as "migas"
Aprendemos tudo o que sabeis
E assistiremos à vossa sepultura!

Apesar de ter "escrevinhado" este poema (?) há alguns anos, continuo a pensar do mesmo modo, a menos que fique como o "pai" da democracia!

TVstar disse...

Linnnndo!!
Luís, vou "postar" este seu poema. Não vou deixar que ele fique aqui "escondido".
O Luís escreve....e o jardim floresce!!
Um abraço