domingo, 5 de julho de 2009

O ESTADO DANAÇÃO

É o estado em que ficamos ao assistir ao insólito episódio protagonizado pelo (ex) Ministro Manuel Pinho que, num lamentável erro de geografia, confundiu a Assembleia da República com a Monumental do Campo Pequeno.

Disse-se que ficou arrependido, pediu a demissão, foi aceite, foi substituído, foram pedidas desculpas públicas no imediato, ponto final, tudo arrumado, há que deixar assentar a poeira e daqui a uns dias já passámos a outra. Isto é o que é useiro passar-se na demo cracia à portuguesa, excepção feita à perseverança dos professores e uns poucos mais que não esquecem nem desistem da força da sua razão.

No entanto, desta vez parece que “a coisa” não vai passar tão depressa. O estado danação a que chegámos tem, em nosso entender, razões anteriores cujas parcelas são o somatório lógico e nada abonatório do Estado e da Nação.

Como se já não bastasse estarmos danados pelo rumo não invertido deste País a caminho do fundo, assistimos ainda em directo (para mais tarde recordar) à sua desvergonha coreográfica.

Esta atitude resulta, pelo menos, de duas razões que não serão propriamente uma novidade:

Uma, a falta de preparação e a ligeireza com que algumas pessoas da nossa praça são chamadas a ocupar cargos públicos e/ou políticos; outra (que encaixa na primeira), a leviandade com que se sacodem os problemas através de um gesto menos próprio e ofensivo.

Para além do gesto em si – que nos próximos tempos vai ser objecto de atenção nos mais variados espectros políticos, mediáticos e caricaturais – há que convir que o acaso da infeliz circunstância acabou por, em última análise, ser o melhor corolário do conjunto de maus resultados da política económica deste Governo, evitando-lhe uma indesejável remodelação a escassos meses das eleições. Com este ridículo episódio, não polémico mas patético, o Governo tirou um coelho da cartola e resolveu o assunto em pleno Parlamento com o assentimento de toda a gente, com o enfoque no gesto desastrado e subsequentes desculpas.

Mas, fica o aviso, não se (nos) iludam com este “fait divers”, não embalem para novas aventuras congéneres com outros ministérios de risco.

Não há tempo, os dados estão lançados e a decisão final é dos portugueses.

O estado da Nação para o futuro, dependerá do estado danação que tivermos.


Luís Silva Rosa
(02/06/2009)

Nota: Quanto a mim, há que tempos ando danada com esta gente!!

1 comentário:

Anabela Magalhães disse...

Excelente texto.
Danação mesmo!