quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A LETARGIA

É o consolidado estado político em que o nosso povo se encontra. É o estado criado pelo Estado e o estado que melhor ou pior temos vindo a aceitar.
É o estado da nossa refilona submissão, da birra acriançada depressa posta na ordem, é o estado da nossa conivente permissividade.
É ainda o estado do medo pela incerteza dum futuro que ainda poderá vir a ser pior, pelo que, do mal, o menos, deixa andar, a gente vai ter que se aguentar, Deus é grande e isto há-de passar.
Só que não passa, porque ELES sabem ler a nossa cartilha e já têm as contas feitas antecipadamente a pensar no nosso cansaço. Não no cansaço de saturação (que pode ser perigoso), mas no cansaço resultante do carregamento – primeiro aligeirado e depois pouco a pouco mais forte – que vão pondo às nossas costas para transportarmos o nosso produto para bom porto (o deles).
Têm tido a mestria de estudar e medir a nossa força, sabendo desgastá-la através do tempo e alimentando-a erroneamente, gerando o sentimento geral da premente necessidade de descanso, daí a letargia.
Mas… convém saber que inevitavelmente tudo o que é abuso acaba igualmente por cansar pela saturação. É nessa altura que se sai da letargia para dizer BASTA!
Indo à raiz da palavra (e do conceito), democrata vem do grego demos+kratos, o que significa povo+força, ou seja, democracia é o sistema político baseado na força popular, que governa através dos seus representantes eleitos.
Tão simples como isto! Não vale a pena complicar o que é simples, nem embarcar em conversas buriladas – em que dois e dois são seis para daqui a dias passarem a ser três – que só levam ao descrédito da democracia (e já agora da matemática elementar).
Um representante do povo tem que ser por princípio um demófilo e não o seu contrário, é um servidor dos representados e tão só isso. Tem que ser um princípio aceite por qualquer político em qualquer cargo ou lugar.
Senão, não!
Quando um representante do povo nos governa como um demóboro, isto é, um abusador que usurpa os direitos do povo, em nome do bem comum só há um caminho a seguir.

Não podem haver peias justificativas de sacrifícios exigidos às pessoas se o espelho dos governantes não começar por ser igualmente exigente com eles e com a sua corte.
E não venham com rótulos de sermos uns “istas” de qualquer sebenta ideológica de “esquerda” ou de “direita” a debitar teorias impraticáveis dada a complexidade da governação do País.
Isso é a costumeira conversa para deperecer o povo, mas como quem governa abusou da receita, apenas podemos dizer que temos a força da honestidade de princípios que regem qualquer povo que queira viver com dignidade.
Esta é de facto a grande crise que atravessamos: Somos ainda poucos a levantar a voz baseada na esperança duma realidade que está perfeitamente ao nosso alcance logo que saiamos da letargia.
Mas, senhores políticos a quem serve esta carapuça, cuidai, que amanhã seremos muitos mais.
Antes que tal aconteça, permitam-nos uma sugestão:
- Por favor, a bem da democracia, ponham os vossos lugares à disposição.
Luís Silva Rosa
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Nota: Os Lírios refloresceram e o Luís reapareceu…..sempre lúcido, pertinente, interventivo e informado, vai continuar a ajudar-nos a reflorescer este jardim e a denunciar o que precisa de ser denunciado.
Muito obrigada Luís!! Um abraço!! Contamos consigo.

2 comentários:

Adélia Rocha disse...

Eu confesso que começo a estar mesmo cansada. Ando a um passo da letargia. É triste, mas é assim!

bugsnaEDucação disse...

Seja muito bem regressado, Luís!
Excelente radiografia do nosso sentir-pensar-agir.
Estou em crer que por cá temos também Mubas! Como "Somos ainda poucos", de facto, resta-nos ir abanado os letárgicos.
Um abraço