segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A PRESCRIÇÃO

Num País doente, será normal que os filhos ainda saudáveis procurem junto dos meios de cuidados de saúde existentes, que seja feito o diagnóstico à ou às doenças e se ministrem os necessários tratamentos com vista à possível cura.
Por isso, Portugal foi ao médico. Foi uma consulta demorada, exaustiva. Foi visto dos pés à cabeça e logo ali, mesmo sem recorrer aos meios auxiliares de diagnóstico, encontraram-lhe uma porção de maleitas.
Desde sinais epidérmicos preocupantes a quistos sebáceos e não só alojados um pouco por todo o lado, desde arranhões infectados por falta de limpeza a feridas mal curadas por desleixo e ignorância, havia um pouco de tudo, um manancial de evidências que faz as delícias de qualquer grupo de estagiários de medicina.
Contudo, olhando para o aspecto geral do paciente, concluiu-se haver algo mais, mais profundo e grave. O ar macilento com que se apresentou, facilmente deixou adivinhar que internamente as coisas ainda estão piores do que à vista desarmada.
Constatado este quadro, enviaram-no rapidamente para o estrangeiro – célebre pelos seus muitos recursos – onde, fazendo jus à sua fama, foram efectuados os exames apropriados tendo-se chegado com exactidão ao resultado que pela aparência já se antevia:
Deformação extensa da coluna vertebral provocada por vícios de postura, deficiente sistema alimentar e descompensação no exercício de forças; anemia generalizada em virtude da ingestão de alimentos pobres em ferro e uso prolongado de capilé; cataratas em fase adiantada de progressão dispensando portanto o enraizado hábito de se atirar poeira para os olhos; sistema imunitário enfraquecido devido ao uso e abuso de ópios vários; tumor cerebral de difícil acesso, a justificar parcialmente a inevitabilidade de comportamentos atípicos e desequilibrados.
Curiosamente, o coração é o órgão mais resistente até ao momento, sendo aliás o responsável pelo funcionamento – ainda que deficiente – deste belo, triste e maltratado País que dá pelo nome de Portugal.
Foi-lhe recomendada uma mudança radical de estilo de vida, essencial para a sua sobrevivência, porque, a continuar assim, não aguentará por muito mais tempo, sendo então forçoso o coma induzido para evitar uma morte certa.
Foi-lhe ainda prescrito um tratamento prolongado, sério, para levar a preceito, à base de EDUCAÇÃO, medicamento largamente testado e aplicado com êxito em diversos países.
Para quem desconhece ou para quem tem a memória curta, a educação – se administrada convenientemente – só traz vantagens:
Tomada preventivamente reforça todo o sistema imunitário evitando doenças de várias etiologias e quando, ainda assim elas aparecem (por vezes com surtos epidémicos) o organismo tem a necessária resistência para as enfrentar como um mal episódico, não dando azo aos chamados efeitos colaterais nem danificando – por vezes irremediavelmente – quaisquer órgãos vitais.
Tomada curativamente, mercê do seu complexo vitamínico e do seu potencial regenerador, vai pouco a pouco fortalecendo o paciente enfraquecido alargando-lhe o campo de acção e estimulando igualmente a força anímica.
Concluindo, a EDUCAÇÃO é um produto natural, sem qualquer contra-indicação e que, para a vida, pode e deve fazer parte da dieta alimentar das pessoas. É uma fonte de saúde, individual e pública.
Feita a prescrição, este belo, triste e maltratado País que dá pelo nome de Portugal, tem nas suas mãos a oportunidade de aviar a receita e fazer o tratamento como recomendado.
Aos portugueses, e a mais ninguém, cabe decidir.

PRECAUÇÃO: Como qualquer medicamento, a EDUCAÇÃO deve ser tomada com regras, pois o seu uso aleatório ou descontrolado pode causar efeitos indesejáveis tais como, ilusão, tonturas, vómitos, diarreia, desorientação e até manifestações de violência. Aconselha-se a sua prescrição por técnicos de reconhecida idoneidade e a aplicação vigiada pelos familiares próximos e pessoal competente nas clínicas da especialidade.

Luís Silva Rosa
(Dez. /2009)
Nota: Nada como uma boa "prescrição" para o tratamento das nossas "maleitas"!! Se não curar o corpo...pelo menos dará algum alento à alma!
Obrigada Luís...vamos tentar seguir à risca!!

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