Muito gostava eu de não ter nada para dizer, mas se de um lado chove, do outro troveja.
Desde há dias que ando a “remoer”, e mais dias passam pior é.
Num aparece a CNIPE no outro aparece essa reportagem dolorosa “Parece mentira” que revela a ignorância da nossa população. Dir-me-ão que a primeira é uma boa notícia e que a segunda, sendo uma vergonha, também resultará da selecção enviesada de jornalistas interessados na “sensação”, e que de qualquer forma uma nada tem a ver com a outra. Deixem-me discordar. (Dir-me-ão que gosto de discordar e disso não discordo.)
Ora a CNIPE aparece porquê?
Alguns outros motivos podem existir, mas dois posso avançar:
Um, evidente para aqueles que se congratulam com a sua criação é que muitos dos Encarregados de Educação não se revêem nas posições que a CONFAP tem vindo a tomar suscitando-lhes dúvidas que os “superiores interesses das nossas crianças” (perdoem-me este empréstimo) seja o interesse que move o seu presidente. Para mais, tendo vindo a público como veio, a interessante quantia que esta organização recebe directamente do gabinete da sinistra, digo, Ministra.
Dois, esquecemos facilmente as lições do passado, e até do presente. Se antes da cisão os Encarregados de Educação tinham, porque tinham, potencialmente, bastante impacto nas decisões do ME, agora esse impacto será, potencialmente, dividido por dois…
Um órgão representativo tem tanto mais poder quanto o número que representa. Basta ver que sindicatos, quando e em que países, têm mais capacidade negocial. Basta ver o exemplo dos sindicatos de professores, que perderam o seu peso devido ao seu número, e cuja falta de unidade é frequentemente o que os perde na mesa das negociações.
Também o próprio presidente da CONFAP não aprendeu com o passado, se o tivesse feito teria visto que o que originou este proliferar de sindicatos foi que boa parte dos representados não viam os seus interesses acautelados (paralelismo com pais e alunos?)enquanto outra parte dos representados era beneficiada (paralelismo com ele próprio?). Mas se nos professores, porque a classe profissional aglomera grupos muito diferentes, essa cisão é quase desculpável, numa confederação de pais é quase criminosa, mas esse crime, pelos quais temo que muitos vão pagar, deverá pesar na consciência do presidente de uma confederação que alienou tão levianamente pela sua vassalagem ao ME os seus congéneres, que estes criaram uma “concorrente”.
Agora comparem. Não acham que o “esquecimento” da história é a condição sine qua non das duas notícias? Não se conhecer o passado não terá consequências que vão além de uma reportagem televisiva que lhe dá quinze minutos de fama?
P.S. Só para não haver confusões: acho bem que a CNIPE tenha sido criada, espero que faça algo em prol da Educação dos alunos, só acho mal que ela seja necessária.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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