Já que estamos numa de revisitar textos escritos já há algum tempo, este do Ramiro Marques, relembrado num comentário do Umbigo, é bastante elucidativo, para além de actual .
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Para compreender o que nos está a acontecer
Após três décadas de democracia, estamos a assistir a uma reconfiguração do poder político.
Essa reconfiguração assenta em dois pilares: o actual PS e a ala cavaquista do PSD. Incapazes de segurarem este arremedo de estado social, essas duas facções do poder tecnoburocrático uniram-se para procederem à maior transferência de riqueza de que há memória nas últimas três décadas. Essa transferência de riqueza é absolutamente crucial para a manutenção dos privilégios dos oligarcas.
Os professores, por serem 140000 e por estarem sistematicamente divididos enquanto grupo profissional, foram os escolhidos para a a realização desse processo de transferência de riqueza. Dentro de meia dúzia de anos, dois terços dos professores não passarão do meio da carreira e estarão condenados a trabalharem até aos 65 anos (ou mais) com um salário inferior ao de um sargento.
Para que essa transferência de riqueza se realize sem sobressaltos para os oligarcas, é necessário que o poder político limite ou anule a liberdade de expressão nos espaços e organismos públicos. A escola pública tem sido um espaço de eleição para o exercício das liberdades. Com ameaças de processos disciplinares, exacerbação dos conflitos entre professores titulares e não titulares e uma política oficiosa de guardar segredo sobre tudo o que se passa nas escolas, o poder político foi criando as condições ideológicas e repressivas para que essa transferência de riqueza se continue a fazer de forma doce.
O objectivo é fazer parecer essa transferência como natural, de modo a que as próprias vítimas do processo de pauperização e proletarização a aceitem como inevitável.
Se lerem A Política de Aristóteles, está lá tudo o que é preciso saber sobre o processo de perversão da democracia e a sua transformação em oligarquia. Em Portugal, esse processo está em marcha.
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Essa reconfiguração assenta em dois pilares: o actual PS e a ala cavaquista do PSD. Incapazes de segurarem este arremedo de estado social, essas duas facções do poder tecnoburocrático uniram-se para procederem à maior transferência de riqueza de que há memória nas últimas três décadas. Essa transferência de riqueza é absolutamente crucial para a manutenção dos privilégios dos oligarcas.
Os professores, por serem 140000 e por estarem sistematicamente divididos enquanto grupo profissional, foram os escolhidos para a a realização desse processo de transferência de riqueza. Dentro de meia dúzia de anos, dois terços dos professores não passarão do meio da carreira e estarão condenados a trabalharem até aos 65 anos (ou mais) com um salário inferior ao de um sargento.
Para que essa transferência de riqueza se realize sem sobressaltos para os oligarcas, é necessário que o poder político limite ou anule a liberdade de expressão nos espaços e organismos públicos. A escola pública tem sido um espaço de eleição para o exercício das liberdades. Com ameaças de processos disciplinares, exacerbação dos conflitos entre professores titulares e não titulares e uma política oficiosa de guardar segredo sobre tudo o que se passa nas escolas, o poder político foi criando as condições ideológicas e repressivas para que essa transferência de riqueza se continue a fazer de forma doce.
O objectivo é fazer parecer essa transferência como natural, de modo a que as próprias vítimas do processo de pauperização e proletarização a aceitem como inevitável.
Se lerem A Política de Aristóteles, está lá tudo o que é preciso saber sobre o processo de perversão da democracia e a sua transformação em oligarquia. Em Portugal, esse processo está em marcha.
5 comentários:
Meu Deus!!
Assustador...no mínimo, mas de facto realista!!
Lutemos!Acordemos!Falemos!
Façamos algo!Não percamos (pelo menos)o direito à indignação!!
Mais uma leitura que me falta fazer... porque será que quanto mais sei mais sei que nada sei?! A pois, isso não foi de Aristóteles mas de Socrates e não José.
Sabem porque é que isto se passa?
Porque somos todos nêsperas, sentadas, à espera do que acontece.
Falta vir a velha e comer-nos. Os dentes já estão filados e perfilados.
Continuemos, pois, sentados, qual Lídia à beira do rio...
OS LÍRIOS DO ERICO ESTÃO NA LISTA
Leia-se
http://blogeventual.blogspot.com/2009/04/tarde-demais.html
Só agora vi que ao "Ah" falta o h, desculpem. Mais vale tarde que nunca.
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