quinta-feira, 7 de maio de 2009

"Ofício de ser professor"

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A palavra “ofício” tem como definição: dever especial, obrigação natural, profissão, entre outras.


No mundo de hoje, toma-se difícil o ofício de ser professor. Penso mesmo que, às vezes, este oficio se transforma em missão impossível”, tendo como actor o docente que sofre imenso por não conseguir ver evolução no processo de ensino/aprendizagem, dos seus alunos, ou por ver desvalorizado o seu trabalho, ou pelos insultos que ainda ouve por parte de muitas pessoas. Com tudo isto a sua auto-estima vai baixando, ele entristece e tende a desanimar.


Eu costumo dizer que sou antiga” (e não me importo nada com isso) e creio que a mensagem e experiência dos mais velhos devem servir como exemplo aos mais novos e ajudá-los a contornar obstáculos que a vida de professor, ou melhor, o ofício de professor lhes impõe. Assim, recordo os meus tempos de liceu em que os professares tinham um estatuto de pessoas de bem, que se impunham aos alunos com autoridade (não autoritarismo, apesar de também este existir em alguns casos), que ensinavam e a pedagogia era à época era bem diferente, fazendo reinar nas salas de aula um clima de aprendizagem, ainda que algumas disciplinas fossem uma ‘seca”, como os alunos dizem hoje. […]


Na escola de massas actual, torna-se bastante difícil criar o tal ambiente de sã convivência e de aprendizagem simultânea porque os berços são todos diferentes, muito diferentes e é exigido ao Professor ensinar até a forma de estar na aula. Hoje tem de se lembrar que não se pode assistir à aula de boné ou de carapuço, por exemplo. E, em alguns casos, os conteúdos previstos para aquela aula são alterados para se dar uma aula de Formação Cívica porque os alunos não entendem que é falta de educação estar de boné, ou vir de calções, ou de top (no caso das meninas), mesmo que o Regulamento Interno o diga, os alunos não querem saber de regras. Estas situações, se estivermos atentos à realidade social verificam se diariamente, quando vamos a um restaurante, por exemplo, e vemos pais e filhos a almoçar de boné enterrado na cabeça e phones nos ouvidos. Ninguém dá exemplo de educação, pelo contrário, dão-se exemplos do que não se deveria fazer nunca.


Estas situações exigem tempo do professor para as tentar corrigir […]

Para além da dia a dia de trabalho em turma com os alunos, o professor ainda tem uma carga enorme de horas, na escola, passadas em reuniões de departamento, conselhos de turma, conselhos de directores de turma, reuniões com pais, conselhos pedagógicos, formação... Em casa, tem unia infinidade de horas a preparar aulas, preparar materiais, corrigir trabalhos, sacrificando multas vezes os seus próprios filhos em favor dos filhos dos outros que nem lhes reconhecem nem lhes agradecem tanto trabalho. Será a isto que se chama “ossos do ofício”?


O ofício de professor não é nada tranquilo, É fatigante física e psicologicamente. Aliás parece-me que não existem governantes que lhe reconheçam o trabalho (e acaso reconhecem, deve ser em tempo de eleições...).


Ensinar, avaliar fazer justiça é ofício de professor.


Viver dilemas éticos, guardar segredos é também ofício de professor.


E é ainda ofício do professor de hoje levar os bolsos recheados de notinhas motivadoras para conseguir fazer com que os alunos ultrapassem a “alergia” ao saber.


Marta Oliveira Santos -


1 comentário:

TVstar disse...

Muito bem!! É isso mesmo o nosso GRANDE OFÍCIO:Educar e ensinar um País contra a "deseducação" de Pais e Governantes!!
Haja resistencia!!