Eu achei por um momento que esta tivesse sido a gota de água que faz transbordar o copo, mas não. "No passa nada"! Os professores já entraram, parece-me, na apatia. Muito teria eu para dizer sobre o dito manual, mas vou apenas transcrever passagens da crónica de ALBERTO GONÇALVES, na revista SÁBADO de 21 a 27 de Maio:
«Cada um é livre de escolher o Lobo Antunes que lhe apetece. A mim, ninguém me tira das mãos o (...) Manual do Aplicador, opúsculo publicado pelo Ministério da Educação(...). É, porém, uma obra difícil , cuja acção decorre em simultâneo num cenário fragmentado e repetitivo (as salas das provas) em que o narrador, embora não participante, impõe o comportamento dos protagonistas (os "aplicadores") e o comportamento que estes impõem às figuras secundárias (os "alunos"). (...)
No Manual..., todos os "aplicadores" seguem com escrúpulos o comando do narrador, que rudemente os impede de "decorar" ou "interpretar": as falas têm de ser ditas com rigorosa exactidão. (...) Note-se o humor típico de Kafka: "Escrevam o vosso nome no espaço destinado ao nome." (...)
Um pouco à semelhança do debatidíssimo "O Príncipe", o "Manual do Aplicador" desafia as classificações: não sei defini-lo enquanto ficção ou não-ficção, ensaio ou novela, sátira ou alegoria. Sei que a sua intrigante densidade contrasta com as provas de aferição que visa regulamentar, as quais estão ao nível de um orangotango de inteligência mediana. E sei que nenhum outro livro expõe tão crua e adequadamente o sistema educativo que temos e o país que somos. (...)
A autoria permanece anónima, numa demonstração de modéstia própria de tantos génios, mas que dificulta a subida ao lugar que merecem: o panteão. O panteão ou o manicómio, onde muitos génios igualmente entram e de onde alguns nunca deveriam ter saído.»
Acrescento, se dúvidas houvesse acerca do que a tutela pensa dos professores, este manual dissipa-as totalmente. Nem é preciso acrescentar mais nada!
segunda-feira, 25 de maio de 2009
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3 comentários:
Meus Deus!! Cada vez mais percebo a dimensão da monstruosidade que esta "equipa" ministrial pretende fazer com a escola pública!!
Cabe a nós desmascarar...falar...lutar!!
Não nos acomodêmos!!
DIA 30 LÁ ESTAREMOS para mostrar ao País que isto continua a caír para o abísmo!!
Beijinho Adélia.
Pois é Delinha, não adianta a senhora que ainda está à frente do Me vir tentar, de resto de forma pouco categórica, passar-nos as mãos pelo pêlo dizendo que nunca disse aquela do «perdi os professores...».
Cada papelucho que sai daquela casa é uma nova humilhação, uma nova indignidade.
Continua a estar tudo nas nossas mãos. Será que as vamos usar. Amanhã há mais uma oportunidade.
Essa energúmena veio dizer que nunca disse "perdi os professores"? Quando? Onde? O problema não foi dizê-lo, isso seria uma constatação de facto que por definição não é juizo de valor, o pior é que o disse congratulando-se por isso, o que será juizo de valor e por definição falível, estando a sua falência provocada pela ignorância crónica dessa mentirosa sem vergonha.
Querido Lírios Preto, realmente "bem apanhado", não sei se sequer "O Processo" de Kafka seria rival para "O Estado" português, de Portugal e claro, da educação nesta res pouco pública das bananas...
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