Ou seja, desvalorizar uma evidência.
Vem isto a propósito das armadilhas do discurso. Ninguém fala verdade. Só se dizem meias verdades ou só se produzem discursos enredados como teias. Cultiva-se a ambiguidade. Ignora-se o óbvio. Ah, também há quem se recuse a ler nas linhas - esse exercício tão natural - e se afadigue em ler apenas nas entrelinhas. É, pensa-se, sinal de inteligência. Ao simples «Bom dia, como está "vossência"?», o entreleitor revira os olhos aos céus, vê o dia, sabe também que é um "vossência" e descabela-se em cogitações: o que raio quer esta criatura dizer? E, pronto, já lhe estragaram o almoço.
Eu, sempre solícita, venho indicar um livro para bem ler todo o discurso. Especialmente o falacioso.
Voltando à "desqualificação da condição suficiente", ou seja, à desvalorização de uma evidência. Atentem no seguinte exemplo real (que cito de memória). Isto passa-se num tribunal dos EUA. O advogado de defesa interroga o médico legista:
« Adv: Antes de fazer a autópsia, viu o pulso?
Mdc: Não.
Adv: Viu a tensão arterial?
Mdc: Não.
Adv: Viu se a pessoa respirava?
Mdc: Não.
Adv: Então, isso quer dizer que a pessoa podia estar viva, quando lhe fez a
autópsia!
Mdc: Não.
Adv: Como é que pode ter tanta certeza??
Mdc: Porque o cérebro dessa pessoa estava num recipiente, em cima da minha
secretária.
Adv: Mas ainda assim, pode afirmar, sem margem de dúvida, que a pessoa estava
morta?
Mdc: Bem... sem qualquer dúvida?? É possível que a pessoa estivesse viva e...até a
praticar advocacia num qualquer tribunal.»
Vem isto a propósito das armadilhas do discurso. Ninguém fala verdade. Só se dizem meias verdades ou só se produzem discursos enredados como teias. Cultiva-se a ambiguidade. Ignora-se o óbvio. Ah, também há quem se recuse a ler nas linhas - esse exercício tão natural - e se afadigue em ler apenas nas entrelinhas. É, pensa-se, sinal de inteligência. Ao simples «Bom dia, como está "vossência"?», o entreleitor revira os olhos aos céus, vê o dia, sabe também que é um "vossência" e descabela-se em cogitações: o que raio quer esta criatura dizer? E, pronto, já lhe estragaram o almoço.
Eu, sempre solícita, venho indicar um livro para bem ler todo o discurso. Especialmente o falacioso.
Voltando à "desqualificação da condição suficiente", ou seja, à desvalorização de uma evidência. Atentem no seguinte exemplo real (que cito de memória). Isto passa-se num tribunal dos EUA. O advogado de defesa interroga o médico legista:
« Adv: Antes de fazer a autópsia, viu o pulso?
Mdc: Não.
Adv: Viu a tensão arterial?
Mdc: Não.
Adv: Viu se a pessoa respirava?
Mdc: Não.
Adv: Então, isso quer dizer que a pessoa podia estar viva, quando lhe fez a
autópsia!
Mdc: Não.
Adv: Como é que pode ter tanta certeza??
Mdc: Porque o cérebro dessa pessoa estava num recipiente, em cima da minha
secretária.
Adv: Mas ainda assim, pode afirmar, sem margem de dúvida, que a pessoa estava
morta?
Mdc: Bem... sem qualquer dúvida?? É possível que a pessoa estivesse viva e...até a
praticar advocacia num qualquer tribunal.»
Ou seja. Duvidar, duvidar sempre... ou talvez não. Não sei!
Consultem:
Morgado, Paulo, "Cem Argumentos, A lógica, A Retórica e o Direito Ao Serviço Da Argumentação", Porto, Vida Económica, 2004
...e aprendam a falar e a ouvir!
O lírio negro da campos!
1 comentário:
Querido lírio negro, ao que chegámos! Infelizmente pareceme-me que o nosso ministério importou dos USA todos os advogados acéfalos que por lá havia e promoveu-os a secretários de estado e Ministra.
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