terça-feira, 10 de março de 2009

Parábola do Professor

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Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois, tomando a palavra, ensinou-os dizendo:
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Em verdade vos digo, bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles...
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Pedro interrompeu: Temos que aprender isso de cor?
André disse: Temos que copiá-lo para o caderno?
Tiago perguntou: Vamos ter teste sobre isso?
Filipe lamentou-se: Não trouxe o papiro-diário.
Bartolomeu quis saber: Temos de tirar apontamentos?
João levantou a mão: Posso ir à casa de banho?
Judas exclamou: Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se: Há fórmulas, vamos resolver problemas?
Tadeu reclamou: Mas porque é que não nos dás a sebenta e pronto!?
Mateus queixou-se: Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
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Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:
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Onde está a tua planificação?
Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada?
E a avaliação diagnóstica?
E a avaliação institucional?
Quais são as tuas expectativas de sucesso?
Tendes para a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?
Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?
Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem?
Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo? E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?
Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes?
Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?
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Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:
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Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso.
Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada.
E vê lá se reprovas alguém!
Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva....
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E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos...
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Partilha daqui.

7 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Linda parábola. Também a postei!
Beijocas

Adélia Rocha disse...

Apraz-me dizer, que o fariseu, apesar do linguajar ser de estarrecer qualquer um, ainda assim - nos idos da outra era - não revelava dominar a parte AINDA mais delirante do EDUQUÊS! Que plácidos eram os fariseus! Fosse hoje e JC ter-se-ia reformado ainda mais cedo.

Anónimo disse...

Eu bem digo que Jesus só há um - o sábio e mais nenhum!
Eu cá concordo com a Adélia - Fosse hoje e Jesus entrava por uma porta da escola e saía imediatamente pela outra!

Reverendo Bonifácio disse...

Cara olhai os lírios, grande parábola! Se JC não ofendeu com as dele não penso que alguém possa dizer que esta seja ofensiva... afinal foi ELE que abriu o caminho e quero crer que os seus seguidores só podem concordar com seguir-se o seu exemplo.

Reverendo Bonifácio disse...

Digo: Cara bugs... (ando meio tótó)

Raul Martins disse...

E reformou-se... e foi olhar os lírios do campo e os pássaros em bando...
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Carpe diem!

bugsnaEDucação disse...

Quanto gosto em o ter por cá, Raúl.
Ultimamente sou uma amiga pouco assídua e invisívil. Mas lá está: "o essencial é invisível aos olhos" .
Um abraço