domingo, 27 de fevereiro de 2011

O mesmo dia, a mesma luta

 Não deixes que te roubem o FUTURO






"Que-esta-situação-d­ura-há-tempo-de-mais!"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Para sempre Zeca

Original de José Mário Branco

A cantiga continua a ser uma arma


Menina dos meus olhos de José Mário Branco
by
WEHAVEKAOSINTHEGARDEN


[...]
o insuportável torna-se rotina
e a realidade já é virtual
a dor da gente é inesgotável mina
que lhes rentabiliza o capital 

[...]

 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Por estas e por outras é que agora me roubam todos os meses!


Já tinha ouvido que isto da requalificação das escolas ia sair-me caro: por causa das futuras rendas à Parque Escolar e do luxo asiático das ditas obras - estores elétricos marca XPTO, que o mesmo é dizer dos mais caros, com sensores de vento, e mais isto, e mais aquilo...

A fonte informativa nem sequer é professor. Tão pouco funcionário do estado. Foi um empresário privado - logo, fonte fidedigna e não corporativa - cujo lucro até é maior por vender os tais estores, último grito da moda tecnológica.

Eu é que fiquei capaz de dar gritos e já nem prestei atenção aos outros pormenores.
Imaginei-me logo nas aulas, com alunos cada vez mais desatentos... e estores com vida própria... a subir e a descer, ao sabor das ventanias. 

Apeteceu-me foi berrar:
- Pois mas não há dinheiro para contratar assistentes operacionais, vulgo contínuos!?

- Já para os professores, bem se sabe: despedem-se os de EVT (para já), continua o congelamento da carreira dos restantes, corta-se-lhes nos vencimentos e, para ficarem entretidinhos, quietinhos, caladinhos, impõe-se a doida da avaliação.

Ok, parece-me que percebi: edifícios a custo de milhões e magalhães prós piquenos. São estas as prioridades para a Educação em Portugal.

Fica-me uma dúvida, porém:
Para além de me cortarem o dinheirito ao fim do mês,
Para além de me meterem a carreira no frigorífico, 
Para além de me quererem doida com a ADD, 
Para além de me exigirem que passe de ano quem nada sabe e nada faz para saber,
Ainda terei que pagar renda para dar aulas!

Alguém anda a enriquecer, e muito, à minha custa!


A Escola Secundária Maria Lamas fica situada em Torres Novas. Em 2002, foi alvo de uma requalificação profunda que custou 2 milhões de euros e a pôs como nova. Acaba de ser entregue à Parque Escolar para requalificação. Custo da obra: 8 milhões de euros.

Fonte: Profblog, via Anabela Magalhães

Esta da Maria Lamas seria sempre um grande escândalo, mesmo que o país estivesse a nadar em dinheiro!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Petição pela Substituição do Modelo de ADD

Petição Substituição do actual modelo de Avaliação dos Professores por um modelo justo, credível e que não constitua um entrave para o trabalho com os alunos

Iniciativa dos
Professores da Escola Secundária c/ 3º ciclo de Henrique Medina, Esposende

Assinar aqui. Eu sou o 290.

Será pouco, mas muitos poucos fazem muitos. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Farsa da Avaliação de Professores, segundo ANTÓNIO BARRETO

o texto, que a seguir transcrevo, aterrou-me no e-mail e eu penso que ele merece divulgação. Claro que ninguém liga àqueles que têm por profissão pensar, esclarecer, questionar. António Barreto não é da área do eduquês, logo... não interessa nada!

«Na impossibilidade humana de "gerir" milhares de escolas e centenas de milhares de professores, os esclarecidos especialistas construíram uma teoria "científica" e um método "objectivo" com a finalidade de medir desempenhos e apurar a qualidade dos profissionais. Daí os patéticos esquemas, gráficos e grelhas com os quais se pretende humilhar, controlar, medir, poupar recursos, ocupar os professores e tornar a vida de toda a gente num inferno.
(...)
O sistema de avaliação é a dissolução da autoridade e da hierarquia, assim como um obstáculo ao trabalho em equipa e ao diálogo entre profissionais. É um programa de desumanização da escola e da profissão docente. Este sistema burocrático é incapaz de avaliar a qualidade das pessoas e de perceber o que os professores realmente fazem. É uma cortina de fumo atrás da qual se escondem burocratas e covardes, incapazes de criticar e elogiar cara a cara um profissional. Este sistema, copiado de outros países e recriado nas alfurjas do ministério, é mais um sinal de crise da educação.»

Acrescento: O objectivo é diminuir gastos com a educação? DIMINUAM-NOS SIMPLESMENTE O ORDENADO!!!! Voltem àquele método que obrigava os professores a fazer um trabalho de pesquisa e a defendê-lo perante professores universitários! Pelo menos estes não são nossos colegas, não estão connosco diariamente. Eu juro que me faz uma confusão medonha que colegas que sempre trabalharam comigo lado a lado, que conhecem as minhas fraquezas e os meus pontos fortes e eu o deles/delas, venham agora avaliar-me, numa situação de formalidade informal ou informalidade formal, ou eu a eles/elas. É uma palhaçada!! Sabem o que é que me faz lembrar? Aquelas estratégias da formação de professores, em que nos dão um papelinho com tópicos e nos pedem que nos viremos para os colegas portugueses e comecemos a falar com eles em inglês. E nós ficamos ali numa situação artificialíssima, feitos basbaques, a palrar, a fazer uma figura triste e constrangedora. Só dá vontade de rir! Pronto. Vou corrigir mais uma história de vida de 87 páginas.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ai CCAD ser de nós!

Qu' ele  há  cadds e CCADs.

E pedagógicos e PEDAGÓGICOS.

 

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE FERREIRA DIAS

TOMADA DE POSIÇÃO DA CCAD

A sete meses de terminar o actual ciclo de avaliação de desempenho de docentes, referente a dois anos lectivos, após longo e aturado esforço no sentido de operacionalizar o procedimento em vigor, recorrendo a elevado espírito de profissionalismo de todos os seus elementos, a CCAD considera que:
-        O procedimento em vigor em nada melhorou em relação ao anterior, continuando a estar demasiadamente burocratizado, sofrendo de anomalias várias que o tornam desajustado da realidade das escolas e dos princípios que devem nortear a avaliação dos docentes;
-       Nesta altura, são ainda demasiadas as questões e as dúvidas na sua implementação. Na ausência de regras precisas e claras por parte da tutela, as escolas não têm respostas inequívocas para os constantes pedidos de esclarecimento sobre o processo. Por isso, e devido às pressões de calendário, as escolas têm de decidir de acordo com o seu entendimento da legislação produzida. Ainda que agindo de forma convicta, é inevitável que, por vezes, uma escola decida de forma diferente de uma outra;
-       Qualquer procedimento deve ter, à partida, decididos e publicitados todos os dados e os mecanismos necessários à sua aplicação, e isso não se passa com o processo em vigor;
-       Perante este procedimento, fonte geradora de conflitos, sente-se na escola um desconforto crescente que se traduz por um aumento do tempo dedicado pelos docentes à sua operacionalização em detrimento do tempo que devia ser dedicado às tarefas fundamentais de Ser Professor: Ensinar e Gerir a Escola onde nos inserimos. O ambiente organizacional deteriora-se cada vez mais. E, como sempre, resta-nos o incomensurável empenho de todos no sentido de que tal não se reflicta nas aprendizagens dos nossos alunos;
-       Quem está no terreno a fazer todos os possíveis e impossíveis para operacionalizar o procedimento sabe bem que é humanamente impossível levar as tarefas até ao fim, de forma rigorosa e consensual, respeitando os valores de equidade e de ética imprescindíveis nestes casos;
Por tudo isto, e por muito mais que só na vivência diária de quem trabalha na escola é possível percepcionar, a CCAD da ESFD solicita à tutela competente que considere anular este procedimento para o ciclo actual, substituindo-o por um outro, simplificado, de aplicação exequível em sete meses. Em simultâneo, que sejam também tomadas, por antecipação, todas as decisões necessárias referentes ao próximo ciclo avaliativo de 2011/2013.
Queremos ser avaliados, mas correctamente avaliados!
Os elementos desta CCAD têm demonstrado perante a ESFD e perante a tutela que tudo fizeram para isso. Antevendo todos os passos ainda a realizar e sentindo já um enorme esgotamento, cremos ser este um procedimento quase impossível de concretizar. Estamos completamente ao dispor para descrever todas as dificuldades sentidas quando a tutela o solicitar.

Tomada de posição aprovada por unanimidade 
no Conselho Pedagógico
Cacém, 25 de Janeiro de 2011

Só boas notícias no país cor de rosa


À Custa de quem?


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Tomadas de Posição de Escolas - Covilhã

Avaliação de Desempenho Docente 
(mais conhecida por de doidos ou doente)



Escola Secundária Frei Heitor Pinto – Tomada de Posição
 


Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã – Tomada de Posição – Departamento de Línguas 
Escola Agrupamento de Pêro da Covilhã – Reunião de disciplina de Língua Portuguesa   
Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã – Tomada de Posição – Departamento de Ciências Sociais   
Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã – Tomada de Posição – Departamento do 1º Ciclo do Ensino Básico


Tirando esta última, que está às fatias, quer-me parecer que falta uma...

Será que já foi agrupada?

O FMI está quase cá... Porreiro, pá?



Dali para aqui.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Parabéns Elsa!!



Muiiiiitos Parabéns minha amiga!!
Que este dia se repita por muiiitos e MELHORES anos!!
Continua assim!! Amiga, sincera, determinada e LUTADORA!!
ABRAÇO APERTADO!!

Auto-retrato

Celebro o regresso da amiga do sul, a alentejana-africana, que fiz aqui na rotunda blogosférica.
Roubei-lhe o renascimento, porque só ela sabe traduzir em palavras belas e simples o drama de quem vive...

...Por inteiro
Não sei rir,
 
sem motivo.

Não sei partir,

estando inteira.

Não sei sofrer,

em metades.

Em tudo o que faço,

em tudo o que sinto,

sou toda,

plena de vontades.



maria eduarda


Um grande abraço, amiga. Que bom ter-te de volta, assim!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pois... 2

Dirigentes escolares querem suspender avaliação

Suspender o modelo de avaliação dos professores, por ser "inadequado, injusto, pouco transparente, burocrático". Foi esta a decisão aprovada ontem pela maioria dos cerca de 250 dirigentes escolares que se reuniram no Porto, no primeiro Encontro Nacional de Dirigentes de Escolas Públicas, onde se chegou a discutir a demissão em bloco dos dirigentes escolas. 
 Os directores aprovaram ainda moções sobre a central de compras, a criação de mega-agrupamentos de escolas e o corte no números de professores já no próximo ano lectivo. O passo seguinte é levar a discussão até ao Ministério.
Pergunta no Umbigo:

E Se Não For Supenso? Quais As Consequências?

Pois... 1

Aprovar uma coisa e fazer o seu contrário

De nada serve aprovar moções contra a avaliação de desempenho e, no dia seguinte, pedir aulas assistidas. 

Ler mais no Profblogue

Baboseiras

Titular já era mau.
Agora relatora é pior! não sei porquê mas cheira-me a antigamente!

A Febre Dos Títalos

Tudo roubadinho ao Paulo

sábado, 12 de fevereiro de 2011

BBC - Human planet

Para aligeirar! E daí...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A LETARGIA

É o consolidado estado político em que o nosso povo se encontra. É o estado criado pelo Estado e o estado que melhor ou pior temos vindo a aceitar.
É o estado da nossa refilona submissão, da birra acriançada depressa posta na ordem, é o estado da nossa conivente permissividade.
É ainda o estado do medo pela incerteza dum futuro que ainda poderá vir a ser pior, pelo que, do mal, o menos, deixa andar, a gente vai ter que se aguentar, Deus é grande e isto há-de passar.
Só que não passa, porque ELES sabem ler a nossa cartilha e já têm as contas feitas antecipadamente a pensar no nosso cansaço. Não no cansaço de saturação (que pode ser perigoso), mas no cansaço resultante do carregamento – primeiro aligeirado e depois pouco a pouco mais forte – que vão pondo às nossas costas para transportarmos o nosso produto para bom porto (o deles).
Têm tido a mestria de estudar e medir a nossa força, sabendo desgastá-la através do tempo e alimentando-a erroneamente, gerando o sentimento geral da premente necessidade de descanso, daí a letargia.
Mas… convém saber que inevitavelmente tudo o que é abuso acaba igualmente por cansar pela saturação. É nessa altura que se sai da letargia para dizer BASTA!
Indo à raiz da palavra (e do conceito), democrata vem do grego demos+kratos, o que significa povo+força, ou seja, democracia é o sistema político baseado na força popular, que governa através dos seus representantes eleitos.
Tão simples como isto! Não vale a pena complicar o que é simples, nem embarcar em conversas buriladas – em que dois e dois são seis para daqui a dias passarem a ser três – que só levam ao descrédito da democracia (e já agora da matemática elementar).
Um representante do povo tem que ser por princípio um demófilo e não o seu contrário, é um servidor dos representados e tão só isso. Tem que ser um princípio aceite por qualquer político em qualquer cargo ou lugar.
Senão, não!
Quando um representante do povo nos governa como um demóboro, isto é, um abusador que usurpa os direitos do povo, em nome do bem comum só há um caminho a seguir.

Não podem haver peias justificativas de sacrifícios exigidos às pessoas se o espelho dos governantes não começar por ser igualmente exigente com eles e com a sua corte.
E não venham com rótulos de sermos uns “istas” de qualquer sebenta ideológica de “esquerda” ou de “direita” a debitar teorias impraticáveis dada a complexidade da governação do País.
Isso é a costumeira conversa para deperecer o povo, mas como quem governa abusou da receita, apenas podemos dizer que temos a força da honestidade de princípios que regem qualquer povo que queira viver com dignidade.
Esta é de facto a grande crise que atravessamos: Somos ainda poucos a levantar a voz baseada na esperança duma realidade que está perfeitamente ao nosso alcance logo que saiamos da letargia.
Mas, senhores políticos a quem serve esta carapuça, cuidai, que amanhã seremos muitos mais.
Antes que tal aconteça, permitam-nos uma sugestão:
- Por favor, a bem da democracia, ponham os vossos lugares à disposição.
Luís Silva Rosa
.
Nota: Os Lírios refloresceram e o Luís reapareceu…..sempre lúcido, pertinente, interventivo e informado, vai continuar a ajudar-nos a reflorescer este jardim e a denunciar o que precisa de ser denunciado.
Muito obrigada Luís!! Um abraço!! Contamos consigo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Hoje eles, hoje nós!

Concentação hoje frente à Assembleia da República

Não são apenas os nossos colegas, os nossos amigos. São também os professores responsáveis pelo desenvolvimento de capacidades fundamentais das nossas crianças. Quando é que vão aprender a olhar? a ligar o olho à mão? a controlar a motricidade fina? quando for demasiado tarde? e será por geração espontânea?
Esta medida de acabar com a EVT é só mais uma prova de que os ataques à educação não são tão ignorantes como parecem: há que poupar a todo o custo, vá de isolar um poucos e varrê-los da escola!
De extinção em extinção, um dia destes seremos TODOS substituídos pelos Magalhães.(Veja aqui a aberração.)

Imagem furtada à Anabela.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Retrato de uma geração, ou não.

Parva que eu sou!
Deolinda, a quem já chamam a nova versão do Zeca.

Quem fica mal no retrato é quem nos trouxe/traz para este abismo - de algum modo todos os nós.
De entre os muitos comentários no Tubes, selecciono este porque, Oh, como me  revejo nele!
.
sou"maezinha" de duas criaturas fantásticas desta geração inteligente, culta e competente. Que desperdício! Quem perde é este desgraçado país! (até os "pais"já são todos contratados!) Esta letra é inteligentíssima pela sua simplicidade. Parvos, pequeninos, poucochinhos, são estes políticos que não veem que já ninguém lhes dá crédito. Muito bem, Deolinda! A vossa canção é emocionante para os pais que acham que é pela cultura que se deve investir nos filhos. Não desistas, geração da casinha dos pais.



Música e letra: Pedro da Silva Martins

Sou da geração sem-remuneração
e nem me incomoda esta condição...
Que parva que eu sou...

Porque isto está mau e vai continuar
já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou....

e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo
é preciso estudar...

Sou da geração casinha-dos-pais
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou...

Filhos, marido, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou...

e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo
é preciso estudar...

Sou da geração vou-queixar-me-pra-quê?
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou...

Sou da geração eu-já-não-posso-mais-Que-esta-situação-d­ura-há-tempo-de-mais!
e parva eu não sou!!!

e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo
é preciso estudar...


Ouvir mais na casa dela .

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Grito de alma

A minha profissão está a perder alma. A escola está a perder alma. Eu estou a perder
alma. Cada novo diploma legal (e são tantos) acrescenta mais um tanto de burocracia
à profissão, com o argumento do rigor.
Escolhi a minha profissão. Escolhi ser professora. E escolhi assim porque encontrei
alma nesta profissão, na relação com os alunos, na relação com as famílias e também
na relação com os outros professores. Olhar para cada criança ou jovem como um ser
único e estabelecer com ela(e) uma relação que vai para além do vocabulário e das
estruturas gramaticais do Inglês que ensino, mas que é fundamental para a sua
aprendizagem. Ser procurada pelos alunos, particularmente nos seus momentos maus,
nos seus problemas, relacionados ou não com a escola, quando se conquistou a
confiança deles. Ajudá-los a resolver os problemas quando é possível, ouvi-los, pelo
menos, quando mais não se pode fazer.
Estabelecer uma relação com as famílias como directora de turma. Conhecer, assim,
melhor, cada aluno, e conquistar a confiança e criar laços com os pais, fazendo com
que haja clima para analisar os problemas dos seus educandos e encontrar estratégias
de resolução em que a família, os alunos e os professores entrem, cada um de acordo
com as suas responsabilidades e o seu papel. Atendimentos, reuniões de pais e alunos,
projectos desenvolvidos para além do horário, da remuneração e do reconhecimento
de quem não as/os vive(u), nas horas de alma e com alma. Fazer de cada turma uma
família com alunos, mas também com pais e professores, em que a escola é, de facto,
uma segunda casa, não apenas nem sobretudo pela quantidade de tempo que se lá
passa, mas pela sua qualidade.
Ser professor é ter uma profissão eminentemente relacional, que se constrói na
vivência da relação. Não estou a esquecer-me da necessidade do conhecimento
científico do professor e da necessidade de ele saber trabalhar esse conhecimento do
ponto de vista pedagógico, para que os alunos possam aprender. Estou apenas e tãosó
a salientar a importância da dimensão humana e relacional do processo de ensinoaprendizagem
e, consequentemente, da profissão docente.
A minha profissão está a perder alma. A escola está a perder alma. Eu estou a perder
alma. Cada novo diploma legal (e são tantos) acrescenta mais um tanto de burocracia
à profissão, com o argumento do rigor. São fichas e papéis para tudo e... para nada:
para as faltas dos alunos, contadas das mais diversas formas e nos mais variados
Armanda Zenhas Mestre em Educação, área de especialização em Formação
Psicológica de Professores, pela Universidade do Minho. É licenciada em
Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e
Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, e concluiu o curso do Magistério
Primário (Porto). É PQND do 3.º grupo da Escola EB 2,3 de Leça da Palmeira
e autora de livros na área da educação. É também mãe de dois filhos.
documentos; para informar os pais sobre tudo e mais alguma coisa, com prazos
reduzidíssimos; para justificar cada negativa que se dá; para fazer planos de
recuperação de cada negativa que se dá; para tomar medidas disciplinares; para as
justificar; para...; para...; para... São reuniões atrás de reuniões para tratar de mais
burocracias, em que o tempo é sempre mais longo do que o previsto (mas não
remunerado) e os assuntos que verdadeiramente interessam, aqueles que têm alma, já
não têm tempo de ser abordados. Convencemos os pais dos alunos de que devem
passar tempo com os seus filhos, após a escola, e nela permanecemos nós, depois do
horário das aulas, em reuniões sem fim, com os filhos à espera, na ama, sozinhos em
casa, ou com alguém que não nós. Tudo isto, sem que tenha diminuído o número das
outras tarefas. Essas, aquelas em que eu encontro alma, vão perdendo espaço e valor.
Entra-se numa sala de professores e só se ouve: "Já não tenho tempo para preparar
aulas como gostava. Agora, reutilizo as coisas que fui fazendo ao longo dos anos.",
"Já não consigo tempo para ir às livrarias e nem sequer para ler.", "Não consigo nem
um bocadinho para pesquisar na net coisas novas.", "Não tenho tempo para a família
e nem para mim." E logo depois, também se ouve: "Não foi para isto que vim para
professor." Olha-se à volta e vêem-se colegas de profissão, um pouco mais velhos,
sempre dedicados ao trabalho, de corpo e alma, respeitados na escola e a ela fazendo
imensa falta, calculando o que perdem com uma reforma antecipada. Querem ir
embora enquanto a burocracia não lhes rói a alma e acabam por o fazer, de lágrimas
nos olhos, enquanto muitos outros já partiram mesmo.
Por mim, tenho vindo a procurar não perder a alma, aguentando o tal trabalho
relacional, invisível, não reconhecido nem remunerado, acumulando-o com o
obrigatório, cada vez mais burocrático. Também eu penso, digo e repito cada uma das
frases que ouço aos outros. E, por incrível que pareça, até já me apanhei a pensar
"Quem me dera ser mais velha!". Na verdade, nunca me quis imaginar na reforma,
como muitos destes dedicados professores também não. Mas entre a alma/saúde
mental e esta burocratização crescente da escola, então há que salvar o principal. Vejo
os meus colegas partirem ou preparem-se para a partida. Quando tal acontecia, em
tempos não muito remotos, todos se sentiam nostálgicos e a partida era discreta. Hoje
há efusivos parabéns a quem conseguiu e uma inveja (mal) calada de quem tem que
ficar.
Estas palavras são as lágrimas que não choro e que transcrevo para a solidão do papel
para que ajudem a fortalecer uma alma-professora que luta por si própria, pela sua
sobrevivência, e pela escola-alma com verdadeira alma, mesmo alma.
Armanda Zenhas 2010-07-14

http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?
contentid=4CA5C2DE5F3245AFE04400144F16FAAE&opsel=2&channelid
in educare

Nota: Este é o meu estado de alma e de certeza o de muitos colegas. Obrigada colega, por descrever tão bem os nossos sentimentos e o nosso dia a dia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mega aqui, Mega acolá

 «Eles Já Andarem Por Aí…
… a preparar os megas. Há reuniões meio descentralizadas, por aqui e por ali, com metodologias e apresentações diversas. Aqui prometem que não há, ali que só há se estiverem de acordo, que era bom um mega nos concelhos mais pequenitotes, em outros casos garante-se que escapam… não dá para perceber o quadro geral. Para a imprensa estas reuniões quase passam despercebidas. Mas a coisa merece atenção até porque nesta segunda vaga, a coisa vai avançar de mansinho e, quando dermos por isso, temos uma rede escolar do género huge is beatiful

poste descaradamente furtado ao Paulo Guinote

Imagem daqui