domingo, 14 de junho de 2009

MALHAS QUE A RAZÃO TECE

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Ontem também foi dia de outro António, por sinal também Fernando, a quem pedi um verso emprestado para transformar e utilizar no título desta entrada.

Pois a propósito desta declaração de uma intenção tomada em consciência e coerência


o que a razão e o coração me segredam por estes dias é o poema do mesmíssimo Fernando António que aqui deixo.

Mensagem
QUINTO / NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa
(Continua amanhã)

1 comentário:

Anabela Magalhães disse...

Hummmm... também se fermentam decisões por aqui!