Ontem também foi dia de outro António, por sinal também Fernando, a quem pedi um verso emprestado para transformar e utilizar no título desta entrada.
Pois a propósito desta declaração de uma intenção tomada em consciência e coerência
o que a razão e o coração me segredam por estes dias é o poema do mesmíssimo Fernando António que aqui deixo.
QUINTO / NEVOEIROMensagem
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Fernando Pessoa
(Continua amanhã)
1 comentário:
Hummmm... também se fermentam decisões por aqui!
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